Eu moro em uma grande estância com meu marido Jorge Tufão e nosso filho Cristiano Ronaldo, talvez ele seja a única coisa q ainda nos prenda, durante anos nosso casamento anda de mal a pior. Dormimos em quartos separados e penso que a qualquer momento posso ser mandada para fora de casa. Jorge é um homem rico e a mim não falta nada em casa, porém não é um homem de bom coração, prefere o dinheiro do que o amor de seu próprio filho.
O trabalho na estância era de mão escrava, Jorge abusava dos coitados, eu nunca aprovei suas atitudes, mas também não era mulher o bastante de enfrentá-lo, pois sabia que não teria outras oportunidades de conseguir dinheiro e levar uma vida boa.
Há muitos anos um garotinho foi deixado nos portões de nossa estância, Jorge nunca gostou muito do garoto, um negrinho, coitado trabalhava muitas horas no sol. Certas vezes eu ajudava ele, levava um prato de comida ou cuidava de seus machucados.
O fazendeiro vizinho tinha uma rixa antiga com meu marido e sempre que podiam duelavam, não importa no que fosse. Dessa vez seria uma corrida de cavalo, tínhamos um cavalo veloz e forte, o amor de Jorge, qualquer um que montasse com algum jeito ganharia essa corrida. O escolhido por Tufão foi o negrinho, não tinha experiência nenhuma, mas competiria contra um outro escravo, tinha chance. A corrida aconteceu, a aposta era uma bolada de dinheiro, Jorge não aceitaria a derrota.
Não deu outra, o negrinho arrasou, ganhou com uma boa diferença. Ele levava jeito, era pequeno e leve, como manda o figurino. Jorge não pensou duas vezes e colocou o garoto para correr em outras competições, mas não o deixaria livre do trabalho na estância. Cristiano Ronaldo era um amigo do negrinho, mas tinha um pouco de inveja, pois não sabia montar como ele. Eu e meu filho éramos muito ligados e eu sabia do sentimento dele de querer montar, por isso contratei um bom treinador para ele.
Cristiano e o negrinho treinavam juntos, ou melhor, quando Jorge não estava de olho eles corriam, o negrinho ganhava em quase todas as corridas, não importava o cavalo. Eu dava apoio a ele e realmente acreditava que ele podia realizar seu sonho, porém Jorge só tinha olhos para o dinheiro e só se importava com o negrinho. Passando o tempo eu e Tufão tivemos algumas brigas, pois eu sempre defendia nosso filho, até que eu decidi que não iria mais morar com ele, só tinha olhos para o negrinho e não conseguia mais conviver comigo.
Mesmo sendo um homem sem coração aceitou bancar uma casa e pagar uma pensão boa para nosso filho. Cristiano melhorava a cada semana, conseguimos um ótimo cavalo que um patrocinador nos conseguira. Passaram se dois anos e eu não mantinha nenhum contato com Jorge. Cristiano agora era um bom corredor e tinha se classificado para as finais.
Chegara o grande dia, eu estava se não mais ansiosa que ele tanto quanto. Para minha surpresa encontro Jorge nas arquibancadas do Jóquei e o negrinho que agora já era um rapaz forte ao lado de Cristiano se preparando para a corrida. Jorge pela primeira vez se dirigiu a mim com certa delicadeza e talvez um sentimento de culpa ou saudade. Sentimentos a parte a corrida começou, estava muito acirrada. O negrinho liderava com Cristiano logo atrás, até que na última volta Ronaldo o passa e consegue o título de novo campeão, com o negrinho em segundo. Sem pensar eu olhei para Jorge e num ato talvez involuntário, nos beijamos calorosamente.